sexta-feira, 8 de julho de 2016

Feliciano e Felipe Neto, uma análise bíblica do debate



No dia 5 de julho, o vlogger Felipe Neto, famoso pelo seu antigo canal chamado "Não faz Sentido", onde trazia comentários sobre temas polêmicos em um formato de vlog, postou em seu canal um vídeo com o título "FELIPE NETO E MARCO FELICIANO - DEBATE",
onde apresenta uma conversa de forma informal, mas com formato de debate, com o deputado federal Marco Feliciano.
Feliciano é pastor de uma igreja neopentecostal é um dos deputados federais evangélicos com maior número de votos no país. Por conta de um discurso em prol da família tradicional, ele tem atraído o olhar de muitos jovens conservadores.

Neste texto, irei expor os principais pontos do debate entre o deputado e pastor Marco Feliciano e o vlogger Felipe Neto.

O debate entre os dois foi fruto de uma discussão acalorada numa rede social, aonde Felipe Neto chega ofender o pastor, inclusive o vídeo do debate começa com o pedido de desculpas dele.
Após o pedido de desculpas de Felipe Neto, a primeira pergunta é lançada:

1 – Feliciano, o que você pensa sobre a união civil entre homossexuais, sabendo que o Supremo Tribunal Federal aprovou uma jurisprudência[1] que regulamenta o ajuntamento de pessoas do mesmo sexo?

Feliciano responde dessa forma: Eu devo te dar a resposta como pastor ou como parlamentar? Ele mesmo sugere responder como parlamentar e começa apontando para a Constituição. Exaltando o artigo 5º, mencionando a clausula pétrea[2] e acaba citando o Artigo 226 que diz: “Para o efeito da proteção do Estado é reconhecida a união estável entre homem e mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão como casamento”. Concluindo, a decisão do Supremo feriu de forma grave a Constituição e neste assunto o que deveria prevalecer era a Constituição, mas sugere que este assunto deve ser debatido melhor.

Resposta bíblica: O início da resposta do Feliciano em si é um reflexo dos seus eleitores e todo cosmovisão evangélica.
Ele cria uma falsa dicotomia, como se houvesse uma divisão na atuação humana, e essa divisão criasse uma separação entre sagrado e profano, assim, um cristão pode em certo momento agir como um indivíduo confessional (responder como pastor) e em outro momento como um cidadão secular (responder como parlamentar). Como se uma prostituta pudesse atender seu clientes no âmbito secular, e também pudesse ser líder do grupo das mulheres na igreja na esfera confessional.
Toda esta distorcida visão de mundo começa no universo religioso da Índia, na teologia da Pérsia antiga, e se solidifica no mundo helênico com o pensamento de Platão.
O platonismo influenciou muitos dos primeiros teólogos da igreja como Orígenes, e os da Escola de Alexandria. Mas o teólogo que mais influenciou a teologia contemporânea com esta falsa dicotomia foi Tomás de Aquino.

Aquino produziu uma estrutura dualística dividindo o conceito de natureza e graça, ele dizia que as coisas humanas são independentes das divinas, apesar de andarem juntas. Segundo ele, o homem vive com o sagrado e com o profano ao mesmo tempo. Este é o pensamento da cristandade católica, afirmando que ao ir à missa está praticando um ato sagrado, enquanto trabalhar era o lado profano, logo se criou um homem dividido que na missa respondia como um ser sagrado e no trabalho servia o profano, podendo então dar resposta à realidade como pagão.

Por conta do cenário religioso brasileiro ser de maioria católica, a concepção dicotômica de Aquino influenciou toda a formação de visão de mundo evangélica brasileira, que tem dificuldades até hoje de ter uma percepção unificada de fé cristã e prática piedosa em todas as esferas da vida.
Uma cosmovisão bíblica afirma que é preciso glorificar a Deus na cultura, arte, lazer, trabalho, educação, política e todas as áreas, independente de ser secular ou não (1Co 10:31 - Atos 10:15; Rom. 14:14).

Feliciano não foi infeliz em apontar a Constituição como regra, mas o correto era trazer uma resposta como pastor e como parlamentar, pois é impossível separar isso.
Era necessário afirmar que a Constituição está correta quando propõe um modelo familiar homem e mulher, pois reflete aquilo que a Escritura ensina, pois o padrão absoluto, perfeito é verdadeiro é a Bíblia (Salmo 19.7-8; Rm 15:4; Tm 1.9-10). A Constituição não é um fim em si mesmo, ou a base dela é a Escritura, ou estará firmada na areia movediça do relativismo.
Ao exaltar a Constituição e rejeitar responder utilizando o pressuposto bíblico, Feliciano demonstrou quem é seu deus, ele na verdade idolatra o Estado.


Neste ponto, Felipe Neto leva o debate para o viés teológico, e afirma que dentro do evangelicalismo brasileiro existe diversas vertentes e diferentes interpretação da bíblia, mas a forma com que ele trata isso é como se todas as vertentes pregassem uma certa verdade (Relativismo), logo as verdades cristãs não seriam absolutas e dentro deste contexto ocorrem três perguntas


2 – Quantas citações bíblicas no Novo Testamento referem-se a homossexuais? 

Feliciano responde: Duas, a citação de Paulo (Romanos 1:18-32), o Livro de Apocalipse fala sobre isso (afirma isso com tom de dúvida) e conclui que Jesus não fala sobre o tema.

Resposta bíblica: Confesso que ansiei para que o debate fosse articulado no viés teológico, pois assim, Feliciano que é pastor, teria mais facilidade em argumentar, mas não foi isso que aconteceu.
O discurso do Felipe Neto cria uma espécie de bolha relativista com igrejas evangélicas, ele tenta demonstrar que as igrejas se contradizem, como se o discurso do Antigo Testamento, Jesus e Paulo fossem diferentes, mas qualquer cristão leigo sabe que isso não acontece.

A resposta do Feliciano foi extremamente equivocada, ele respondeu uma pergunta simples com um enorme lapso, já demonstrando que não estava preparado para o debate, ou que seu conhecimento teológico é raso.

O Novo Testamento menciona e censura o homossexualismo treze vezes, sendo que quatro são citações indiretas e nove citações diretas.

As citações indiretas são: Mateus 19:3-4 – Marcos 10:5-9 - 2 Pedro 2:4-6 - Judas 1:5-7.
As diretas: Mateus 19:4-9 - Mateus 5:32 - Atos 15:20 - Atos 15:28-29 - Atos 21:25 - Romanos 1:26 – Romanos 1:27 - 1 Coríntios 6:9 - 1Tm 1:8-11 

Inclusive, duas das citações indiretas são feitas por Jesus, algo que Feliciano não pontuou, pelo contrário, ele disse que Jesus não comenta sobre o homossexualismo na Escritura.
As citações indiretas podem ser divididas em dois grupos. O primeiro formado pelos dois textos dos Evangelhos e o segundo grupo pela Epístola de Pedro e de Judas.

Nos dois textos dos Evangelhos, Mateus 19:3-4 e Marcos 10:5-9, Jesus é questionado pelos fariseus sobre o divórcio, e em sua resposta Cristo cita a ordem da criação (Genesis 2:21-24), com isso, aponta para o ideal de família. Além disso, a resposta do Senhor demonstra que Deus criou homem e mulher para se relacionar sexualmente, e este é o modelo que deve ser seguido, logo, qualquer outra forma de relação sexual é uma afronta direta a ordem estabelecida por Deus. A relação homossexual altera essa ordem, ferindo a criação de Deus.

Já nos textos das Epístolas, 2 Pedro 2:4-6 e Judas 1:5-7, os autores citam o ocorrido em Sodoma e Gomorra (Gênesis 19) como exemplo de punição Divina e este modelo punitivo traz uma aplicação clara: “Se você cometer o pecado de Sodoma e Gomorra, Deus irá trazer juízo sobre ti”.

Sodoma e Gomorra eram duas cidades inundadas de iniquidade (Ez 16.49-50), mas o pecado central daquele povo era de natureza sexual ( 2 Pedro 2:6-7). Tal transgressão era tão enraíza na cultura destas duas cidades que tal pecado era praticado em público. Quando os anjos do Senhor visitaram Ló (Gênesis 19.5), para avisar sobre a destruição da cidade, os cidadãos daquele povoado, desde os mais novos até os mais velhos, desejaram ter relação sexual com os seres angelicais. Os habitantes daquela cidade viviam numa luxúria homossexual desenfreada, e é este pecado que o texto de 2 Pedro 2:4-6 e Judas 1:5-7 trazem como exemplo de transgressão que traz juízo eminente de Deus.

Os demais textos neotestamentários citados censuram de forma direta o pecado do homossexualismo, e para facilitar a compreensão, irei separa-los abaixo.

Os textos de Mateus 19:8-9, Mateus 5:32, Atos 15:20, Atos 15:28-29 e Atos 21:25 proíbem a relação homossexual utilizando a palavra grega πορνεια, que transliterada lê-se porneia. Algumas versões bíblicas traduzem este termo como fornicação, mas a tradução que aponta da melhor forma para o original é relação sexual ilícita.

Os termos relação sexual ilícita apontam para todo tipo de contato sexual que a Escritura proíbe: Adultério, fornicação, relação homossexual, lesbianismo, relação sexual com animais, incesto (Levítico 18).

Nos textos citados do Evangelho de Mateus, Jesus fala mais uma vez sobre o divórcio, e autoriza o repúdio ao conjugue caso este tenha relação sexual ilícita. Além da morte, o que pode dissolver a união do casamento são relações sexuais ilícitas, que não devem ser praticadas por casados, e dentro dessas relações proibidas, está à relação sexual homossexual.

Já nos textos de Atos ocorrem proibições Apostólicas a essas relações sexuais ilícitas.
Em Romanos 1 está o famoso compêndio contra o comportamento homossexual. Dentro deste tratado de repúdio as práticas homossexuais, o Apóstolo Paulo aponta como proibido a prática do lesbianismo (Romanos 1:26) e relação homossexual. (Romanos 1:27).

Naquele contexto, os homens tinham abandonado totalmente Deus e por este motivo começaram ter o desejo (ὀρέξει, transliterado orexeidesejo luxurioso) inflamado em relação a outro homem. Deixando o contato sexual com as mulheres e cometendo torpeza (ασχημοσυνη, transliterado aschemosune - comportamento inadequado) com alguém do mesmo sexo, ou seja, os homens praticavam o homossexualismo.

A corrupção sexual era tão emanente, que até mesmo as mulheres mudaram as práticas sexuais naturais (φυσικος, transliterado phusikos), que traz a ideia de forma inata da sexualidade (desejo sexual pelo sexo oposto que nasce com o indivíduo), cometendo a prática sexual com outras mulheres. Paulo conclui o capítulo dizendo que quem pratica tais iniquidades é digno de pena capital.
O texto bíblico de 1 Coríntios 6:9 traz a lista de pecados que ao serem praticados de forma sistemática e sem arrependimento, leva o indivíduo ao Inferno. Nesta lista existem duas palavras que apontam para o comportamento homossexual, os termos são: efeminados (μαλακος, transliterado malakos) e sodomita (αρσενοκοιτης, transliterado arsenokoites).

Literalmente, o termo malakos significa macio, o mole, mas Paulo usa essa palavra como metáfora, para apontar para homossexuais, que além de praticar sexo passivo, tem um comportamento igual de uma mulher. Já a palavra arsenokoites, literalmente significa “arseno – um macho” e “koites – cama” homem que deita com outro homem numa cama para ter relação sexual, ou melhor, relação sexual homossexual.

Por último o texto de 1Tm 1:8-11  onde o autor demonstra quais são as práticas que transgridem a Lei de Deus. Aqui palavra arsenokoites aparece mais uma vez, confirmando que a prática homossexual é uma violação direta da Lei de Deus.

3 - Quem foi mais importante, Jesus ou Paulo?

Feliciano diz: Cada um em seu sentido. Jesus foi o salvador da humanidade, mas foi Paulo que cristianizou o mundo do seu tempo. Paulo desvinculou o Cristianismo do Judaísmo, pois se Paulo não tivesse feito isso, os gays não seriam só tidos como praticantes de iniquidade, os gays seriam assassinados, pois o Judaísmo pregava que os homossexuais deveriam ser assassinados.

Resposta bíblica: Realmente, Jesus e Paulo tiveram papéis diferentes na história do Cristianismo, mas o Feliciano respondeu a pergunta em sentidos diferentes.

Sobre Jesus o parlamentar trouxe uma resposta metafísica, e sobre Paulo uma resposta pragmática. No sentido metafísico Jesus é superior a Paulo, mas no sentido pragmático podemos dizer que não existe diferença entre os dois, pois a doutrina ensinada pelos dois vem de Deus.

Jesus trouxe para nós ensinamentos diretos do Pai, mas isto não significa que Cristo trouxe novos ensinamentos, pelo contrário, Jesus ensinou aquilo que está registrado na Lei e nos Profetas (Mateus 21:13 - Lucas 24:27 - João 8:17). Paulo foi imitador de Cristo (1 Coríntios 11:) e toda sua doutrina tem como base o Antigo Testamento e aquilo que Jesus ensinou (Rm 1:17 - Rm 15:9 - 1Co 1:19).
Quando o Feliciano diz que Paulo deixa de tratar o pecado do homossexualismo como o judaísmo tratava, ele comete mais um deslize, pois tanto Paulo quanto os judeus utilizam a Torá como base doutrinária, inclusive, Paulo cita a Torá (Levítico 18:7-17, 29; 20:11-12) quando conclui o primeiro capítulo da sua carta à igreja de Roma (Rm 1:32).

Observação 1: Após a pergunta sobre Jesus, Felipe Neto diz o seguinte: Nas pregações de muitas igrejas evangélicas hoje utiliza-se o livro de Levítico para condenar os homossexuais.

Marco Feliciano responde: Quem cita Levítico para proibir o homossexualismo é ignorante, Jesus trouxe um mandamento acima de todos os mandamentos, o mandamento do amor.

Resposta Bíblica: Essa foi uma das piores respostas que ouvi sobre a Lei de Deus, e Feliciano, que desde o começo do debate demonstra ser leigo em relação à teologia, ofende quem utiliza Levítico para exortar contra o homossexualismo, chamando-os de ignorante.

O mais problemático é que essa visão teológica sobre Levítico impera dentro dos arraias evangélicos. Por conta da interpretação dispesacionalista[3], Marco Feliciano mutila as Escrituras, afirmando que Levítico não tem validade nos dias de hoje, pois é uma Lei que pertence inteiramente a Israel , logo, nenhum dos preceitos citados neste livro seriam obrigatórios aos membros da Igreja contemporânea.
Negar o livro de Levítico como doutrinário é ser marcionista, O Marcionismo era uma heresia defendia que os livros do Antigo Testamento traziam um Deus diferente do Deus do Novo Testamento, assim, retirava-se da Escritura todos escritos Veterotestamentários, e alguns textos do Novo Testamento que apresentavam qualquer descrição do Deus da Antiga Aliança.

Alguns cristãos têm dificuldade de compreender Levítico, pois não fazem uso da classificação didática da Lei de Deus. As prescrições do Pentateuco são divididas em: Moral, Civil e Cerimonial. 

A Lei Levítica espelha a Lei Moral e Civil e está não é vigente apenas para o povo de Israel, pois as Escrituras deixam claro que a Lei de Deus é prescrita também para o estrangeiro (Levítico 24:22; Êxodo 12:49). Já as Leis Cerimônias descritas no livro de Levítico eram apenas sombras que apontavam para Cristo, e com a morte e ressurreição do Senhor, essas foram ressignificadas (Hebreus 10.1,11-14).

Diferente do que o pastor Feliciano pensa, Cristo nos ensina que nenhuma parte da Lei foi abolida (Mateus 5:17,18). De Gênesis a Apocalipse há uma Lei Moral imutável, um Evangelho glorioso para todos.

Observação 2 : No decorrer do debate, Feliciano tenta provar para Felipe Neto que o Novo Testamento proíbe o homossexualismo, e cita o texto que já expliquei neste pequeno artigo: Ou não sabeis que os injustos não herdarão o reino de Deus? Não vos enganeis: nem impuros, nem idólatras, nem adúlteros, nem efeminados, nem sodomitas. (1Corintíos 6:9).

Felipe Neto tenta argumentar quando Feliciano diz que os efeminados não entrarão no reino dos céus, dizendo:

"Malakoi" é um termo hebraico não significa efeminado, mas devasso.
Feliciano demonstrando estar nervoso argumenta: Os meninos devassos do Antigo Testamento eram a mesma coisa, ou seja, eram homossexuais.

Resposta bíblica: Neste ponto, fica muito claro a falta de conhecimento teológico do pastor Marco Feliciano. Felipe Neto usa um termo grego, mas diz que este termo é hebraico. Este erro grotesco seria muito bem respondido dizendo que a citação de 1 Coríntios é Neotestamentária, e o Novo Testamento foi escrito em grego, não em hebraico.

A palavra grega "malakoi"nunca significou devasso, mas sua raiz traz a ideia de macio, delicado, fino (Mateus 11: 8), mas Paulo usa este termo como figura de linguagem para apontar para um homem que é delicado, ou melhor, age como uma mulher e tem relação sexual como passivo.

Observação 3
Neste ponto Feliciano diz que não podemos pegar apenas pedaços da Escritura que nos interessam e ignorar o restante (uma contradição, pois todo discurso dele no debate é dispensacionalista), mas Felipe Neto diz que ele faz exatamente isso, pega somente os textos que lhe convém.

Então Feliciano pergunta:

Como?

A pergunta de Felipe Neto segue:

4 – Feliciano, você permite que sua mulher fale na igreja?

Feliciano responde: Claro, minha mulher é pastora.

Felipe Neto contra argumenta: Paulo deixa claro que a mulher não pode falar dentro da igreja.

Feliciano responde: Ele diz isso para aquela igreja, lá em Corinto, não serve para os dias de hoje.

Felipe Neto responde: E quando Paulo mandou a carta para os Romanos censurando o homossexualismo, ele fala apenas para aquele público?

Não....(Feliciano se enrola na resposta).

Felipe Neto conclui: Exato Feliciano é fácil ignorar as proibições de Paulo, quando vão contra sua forma de pensar.

Resposta bíblica: Quando o debate chega nesta parte, é possível perceber que o Felipe Neto conduziu toda a estrutura de argumentação e levou a conversa para que ele pudesse terminar com este trunfo, fazer o Feliciano cair em contradição.
A teologia do Feliciano além de ser fraca, tem premissas fáceis de derrubar e argumentos que se auto-contradizem.

Realmente, Paulo proíbe a mulher de falar na igreja (1Coríntios 14:34-35), todo questionamento que a mulher tenha vontade de fazer, deverá ser feito para seu marido em casa. A mulher também não deve ensinar no culto (I Timóteo 2:11-12) nem ter autoridade sobre o marido, logo a mulher atuando como pastora é uma enorme contradição bíblica.

Assim como os homossexuais, o deputado Feliciano ignora textos bíblicos claros sobre o assunto da submissão da mulher no culto, e permite que sua esposa seja pastora.

Como Agostinho de Hipona ensinou: “Se você crê somente naquilo que gosta no evangelho e rejeita o que não gosta, não é no evangelho que você crê, mas sim, em si mesmo”.

A forma que o Feliciano trata a Escritura é igual a maneira que os supostos cristãos LGBT tratam. As igrejas inclusivas selecionam na Escritura somente textos que convém, e o Feliciano faz o mesmo, crê somente no que lhes agrada.

Vivemos em tempos de doutrina antropocêntrica articulada segundo o coração humano.

Observação final: Estaria mentindo se dissesse que o Feliciano dominou e foi melhor neste debate. O deputado parecia um dos sete filhos de Ceva, principal dos sacerdotes (Atos 19:13-20), que tentaram expulsar um demônio em nome de Jesus, mas apanharam do demônio e saíram correndo do endemoniado.

O vlogger Felipe Neto foi melhor que Feliciano, isso não significa que domina o assunto ou que aquilo que disse são verdades.

Felipe Neto foi bem no quesito de decorar aquilo que estudou, e se você tiver curiosidade, pegue trechos daquilo que ele fala, jogue em uma ferramenta de pesquisa da internet e irá perceber que todo discurso dele está disponível na internet.

A maioria dos argumentos do Felipe Neto se encontra em blogs e textos virtuais. Essa é mais uma prova que nossa geração não tem profundidade acadêmica. Felipe Neto não usou livros ou bons autores para se preparar, o grande tutor e escritor preferido dele foi o Google.
Já o deputado e pastor Marco Feliciano demonstrou aquilo que pode ser visto na maioria de suas pregações, uma teologia débil, superficial e fraca.

Neste vídeo é possível até mesmo perceber que sua força de argumentação política é um tanto problemática e bastante limitada. Sua dicotomia política aponta para um antinomismo, uma rejeição veemente dos pressupostos cristãos para nortear a realidade.

Mesmo com um discurso sem profundidade, Feliciano arrasta toda uma massa evangélica sem senso crítico. Nos últimos tempos, muitos jovens têm demonstrado simpatia pelo discurso dele, como se ele fosse uma esperança para os brasileiros. O problema é que no Brasil não existem políticos bons, então quando um político acerta, é aclamado como rei.

Mas tudo isso é uma enorme lição para os cristãos brasileiros. Devemos reconhecer o fracasso dos evangélicos na política, e na próxima eleição votar em candidatos realmente preparados e que andem de mãos dadas com as verdades da Escritura. Além disso, devemos nos envolver com a política, nos prepararmos em oração, em conteúdo político e teológico e quem sabe sair como candidatos, pois só assim vamos mudar o Brasil.

  
 Higor Crisostomo






[1] Jurisprudência -(do latim: jus "justo" + prudentia "prudência") é o termo jurídico que designa o conjunto das decisões sobre interpretações das leis feitas pelos tribunais de uma determinada jurisdição.
[2] Cláusula pétrea - Dispositivo constitucional que não pode ser alterado nem mesmo por Proposta de Emenda à Constituição (PEC). As cláusulas pétreas inseridas na Constituição do Brasil de 1988 estão dispostas em seu artigo 60, § 4º. São elas: a forma federativa de Estado; o voto direto, secreto, universal e periódico; a separação dos Poderes; e os direitos e garantias individuais.

[3] O dispensacionalismo foi um movimento que surgiu em meados do século 19, na Inglaterra, como reação ao estado de frieza e liberalismo em que se encontrava a igreja oficial. Começou com reuniões de estudo bíblico em que uma nova maneira de interpretar as Escrituras foi desenvolvida. Partindo do texto de 2 Timóteo 2.15, e entendendo em sentido literal o verbo grego orthotomeo, ali empregado, como faz a Versão Inglesa King James, o movimento julgou encontrar neste texto a chave para a “correta” interpretação da Bíblia, ao traduzir aquele verbo como “dividir corretamente” e não “manejar corretamente” a palavra da verdade (com o sentido figurado de ensinar, expor ou interpretar corretamente), como temos em nossas versões em português.

12 comentários:

  1. Higor, o que mais me deixa em dúvida é sobre o curso de teologia do deputado Marco Feliciano. Ouvi dizer que ele é doutor em teologia! Será que onde ele cursou não havia nenhuma explicação sobre esses termos?

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    1. Olá Crhis,

      Eu tive a oportunidade de me formar em teologia, e mesmo que ele tenha sido um péssimo aluno, cursos de teologia dão bases para responder a maioria das perguntas da fé cristã.

      Parece que além dele ter se formado em uma péssima faculdade, ele não deve estudar teologia diariamente, além de não ter se preparado para o debate.

      Procurei o currículo Lattes dele na internet, e não achei.

      Um Doutor em teologia não se sairia tão mal, como o Feliciano.

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  2. Irmão Higor, excelente !!!! Que Deus continue abençoando e dando disposição para compartilhar esses bons artigos

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  3. "reconhecer o fracasso dos evangélicos na política, e na próxima eleição votar em candidatos realmente preparados e que andem de mãos dadas com as verdades da Escritura."

    Aceitar mulheres pregando e direitos pra comunidade lgbt ou banir tudo?

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  4. "reconhecer o fracasso dos evangélicos na política, e na próxima eleição votar em candidatos realmente preparados e que andem de mãos dadas com as verdades da Escritura."

    Aceitar mulheres pregando e direitos pra comunidade lgbt ou banir tudo?

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  5. Eu gostaria de saber mas sobre a mulher não poder ser pastora. É literalmente errado uma mulher ser pastora. Paulo realmente falou isso pra todas as gerações?.

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    1. Este comentário foi removido pelo autor.

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    2. A igreja de corinto era muito rica no sentido de dons espirituais, porém, muito desorganizada. Devido à desorganização, algumas mulheres atrapalhavam os cultos fazendo perguntas e argumentos durante a pregação para o pastor, por isso, a lei que a mulher deve perguntar ao marido em casa.
      O que Paulo está escrevendo é exatamente sobre o costume, a lei judaica.
      Motivos pelos quais a mulher não só pode como deve fazer pregações nas igrejas:
      1 – Deus não faz acepções de pessoas
      2 – Deus usa quem está preparado para pregar
      3 – Em Cristo não há judeu nem grego, não existe distinções culturais ou sociais
      4 – Pregar é um dom
      5 – Quando Jesus ressuscita a primeira mulher mensageira é uma mulher, Maria, e Jesus dá ordem a ela: “Vai e anuncia aos discípulos que não estou morto mas já ressuscitei”
      E não só Maria há muitas outras mulheres na bíblia como Rute, prostituta perdoada por Jesus que saiu correndo espalhar para todos a notícia de Messias, entres outras.
      Então, a mulher não só pode como DEVE pregar.

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  6. Olá, Higor. Gostei muito da sua explanação sobre o assunto. Tenho a impressão que o parlamentar Feliciano é bem melhor do que o pastor (já que ele mesmo faz essa divisão), aliás, quando assisti ao debate, e o viés rumou para teologia, pronunciei um tanto furiosa para mim mesma: Ele é muito ruim em teologia! Com isso não quero dizer que domino o assunto no que se refere a citações bíblicas,tradução ou transliteração, mas qualquer um "curioso em teologia" sente que o "teólogo" Feliciano carece, e muito, de mais estudo nessa área. Bem, agradeço pelo esclarecimento que nos foi dado. Devo ainda dizer que aguardava ansiosa por alguém que desse o respaldo bíblico para o tema principal daquela conversa.

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  7. Ótimo texto, bem esclarecedor. Não possuo conhecimento da origem das palavras gregas e hebraicas, e gosto muito quando as interpretações são baseadas também nos textos originais. Após assistir o debate até achei que o Feliciano tivesse ido bem, mas após ler o texto vejo que ele deixou muito a desejar.

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  8. Sobre a questão da mulher não poder falar em público...
    Se era e é proibido, como explicar Débora (Juízes 4:4)? E como explicar Miriã (Êxodo 15:20), Hulda (2 Reis 22:14 e 2 Crônicas 34:22) e Ana (Lucas 2:36)? Não seria isto apenas uma proibição dentro do cenário Grego onde quando a mulher falava em público representava uma insubmissão ao homem?

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